5 Curiosidades Surpreendentes sobre a cidade de Contagem
- Sou Contagem

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Contagem é um dos municípios mais importantes de Minas Gerais. Com população estimada em 651.718 pessoas em 2025 e 621.863 habitantes no último censo de 2022, a cidade figura entre as três maiores do estado, ao lado de Belo Horizonte e Uberlândia.

Curiosidades sobre a cidade de Contagem
Conhecida por ter se consolidado como um dos maiores parques industriais do Brasil entre as décadas de 1950 e 1970, Contagem vai muito além do que sua fama industrial sugere. Confira cinco curiosidades fascinantes sobre a cidade de Contagem que talvez você desconhece:
1. Contagem já foi parte de Sabará e Esmeraldas
Parece difícil acreditar, mas esta cidade populosa e economicamente robusta já foi território de outros municípios.
Durante o século XVIII, no período final do Ciclo do Ouro, a região onde hoje se situa Contagem fazia parte de Sabará, então um dos principais polos de extração aurífera do estado.
A trajetória rumo à emancipação foi gradual. No início do século XX, a área passou a integrar o distrito de Santa Quitéria, hoje conhecido como Esmeraldas, que compreendia uma vasta região que se estendia das proximidades de Sete Lagoas até as divisas com Ibirité, Betim e Brumadinho.
Em 30 de agosto de 1911, Contagem foi elevada à condição de município, data que até hoje é celebrada como aniversário da cidade.
É curioso notar que, apesar de hoje ser maior em população e praticamente independente economicamente, Contagem já esteve subordinada a estas outras cidades.
2. O curioso apelido "Contagem das Abóboras"
O nome "Contagem" tem origem no posto de registro que funcionava no antigo arraial. Em 1715, Dom Brás Baltasar refere-se a este posto ao escrever no termo da junta: "quanto ao gado, se levantarão registros como o que está posto nas Abóboras".
Neste local, eram contabilizados bois, ouro, escravos e mercadorias para fins de tributação.
O detalhe interessante é que o registro foi instalado na propriedade do capitão João de Sousa Souto Maior, às margens de um ribeirão conhecido como Ribeirão das Abóboras.
Assim, o posto ficou conhecido como Registro das Abóboras ou Contagem das Abóboras.
Com o passar dos séculos, diversas lendas surgiram para explicar este peculiar apelido. Algumas histórias davam conta de que existiu uma importante família com o sobrenome "Abóbora" ou "Abóboda" que teria legado o nome à cidade.
Outras versões creditavam a alcunha a vastas plantações de abóboras que supostamente ocupavam boa parte das terras da região.
Porém, a verdadeira origem está ligada ao ribeirão e ao posto de registro, não havendo comprovação histórica dessas lendas populares.
3. Os Arturos: uma comunidade familiar, não um quilombo
Contrariando o que muitas pessoas imaginam, a famosa Comunidade dos Arturos não é um remanescente de quilombo. A comunidade é composta pelos descendentes de Artur Camilo Silvério e sua esposa Carmelinda Maria da Silva.
Artur Camilo era filho de Camilo Silvério, homem nascido escravo na África e traficado ao Brasil. Beneficiado pela Lei do Ventre Livre, Artur nasceu alforriado, embora trabalhasse em regime de escravidão na fazenda de seu padrinho.
Ao insistir para ir ao sepultamento do pai, foi agredido pelo patrão, e Artur fez uma promessa a si mesmo: seus filhos viveriam sempre juntos.
No início do século XX, Artur e sua família saíram da região da Mata do Macuco (Esmeraldas) para adquirir uma propriedade conhecida como Domingos Pereira, situada próxima ao que hoje é o centro de Contagem.
Com o tempo, a família foi crescendo e a comunidade conta atualmente com 600 habitantes. Sempre preservando as tradições dos negros escravizados, incluindo festas, costumes e cantos, a família ganhou notoriedade e o apelido de "Os Artur", em referência ao seu fundador. O nome "Arturos", portanto, é uma corruptela do nome Artur.
A Comunidade Quilombola dos Arturos é uma das mais antigas comunidades de Minas Gerais, com mais de 128 anos, sendo a mais tradicional comunidade quilombola do município.
4. As chaminés da fábrica mais poluente da cidade
As quatro torres no estacionamento do Itaú Power Shopping, com entre cinquenta e sessenta metros de altura, são talvez o cartão postal mais conhecido de Contagem e representam uma lembrança da antiga Companhia de Cimento Portland Itaú.
Fundada em 1941 e instalada na Cidade Industrial, a Itaú foi a primeira fábrica do Parque Industrial de Contagem. Durante seu funcionamento, consolidou-se como a maior fábrica de cimento do estado e chegou a ter até um cinema e uma galeria onde eram expostos trabalhos produzidos pelos funcionários.
A Itaú Portland era a única fábrica de cimento no mundo que não estava localizada perto de uma jazida de calcário, recebendo a matéria-prima através de um teleférico de aproximadamente 30km que ligava a fábrica à pedreira em São José da Lapa.
Entretanto, a população sofria com os altos índices de poluição causados pela liberação de pó de cimento e gases tóxicos pelas chaminés. Nos anos 1970, muitos moradores engajaram-se na luta ambiental, mobilizando-se para exigir a instalação de filtros antipoluentes.
A fábrica foi desativada em 1984. Em 1998, a fábrica foi demolida para dar lugar ao Itaú Power Center, mas as chaminés e o prédio administrativo foram preservados e tombados conforme o Decreto 10.186, de 17 de junho de 1999.
5. O passado submerso da Represa Várzea das Flores
A Represa Várzea das Flores foi construída na década de 1960 e inaugurada em 1972, surgindo da necessidade de criar um manancial para abastecimento de água de Contagem e Betim. A barragem foi construída na divisa com o município de Betim, o local mais indicado por exigência do relevo.
Um convênio foi firmado entre as prefeituras das duas cidades para a construção de uma barragem que contém os ribeirões Betim, Lage e Batata, formando uma lagoa que possui 87% da sua área em Contagem e 13% em Betim, com espelho d'água de 121,3km² e 54km de orla.
O que muitos não sabem é que a região inundada entre as duas cidades era constituída por fazendas, sítios e chácaras que não foram completamente removidos antes do alagamento.
Se fosse possível ver o fundo da lagoa, seria como observar um bairro rural submerso, com todas as suas casas, cercas e pastagens ainda preservadas embaixo d'água.
Há relatos de mergulhadores que se arriscaram mais fundo e acabaram tendo problemas ao se enroscar em cercas ou estruturas das antigas construções submersas. Um cenário assustador e fascinante ao mesmo tempo.
Contagem é muito mais do que um polo industrial. Sua história rica, marcada por transformações territoriais, lutas ambientais e preservação cultural, revela um município cheio de peculiaridades que merecem ser conhecidas e valorizadas.





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